terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Adeus, Umbabarauma!



Adeus, Umbabarauma!
Para aqueles  que estimam Umbabarauma (27 de Dezembro de 2009 - 07 de janeiro de 2013) e seu blog.

Eis que  enterro o defunto Umbabarauma
3 cotoveldas, 5 dedadas na cara, 2 facadas,  35 tiros. Para confirmar chequei a respiração e ainda fiz meia hora de cócegas
Mijei em cima...falei com os legistas. Assinou como doador de órgãos
Sangue, muito sangue. Óbito sacramentado
Enquanto eu o assassinava a sangue frio ele gagueja, era um esforço corrosivo, uma cirurgia sem anestesia..deixa eu dizer minha ´”última poesia!”
“Ah vida não merece em seu ultimo instante uma postura reflexiva...”
Dei-lhe um chute na boca do estomago. Não quero seus versos! Ele dizia palavras soltas, desses clichês que sempre estão em poesias.
“Flores...Pôr do sol...cachoeira...intensidade... girassóis(essas interrupções porque a cada palavra eu lhe acertava um bicuda)
Eis que depois de tanta pancada e sangue, seu olhar de dor alcançou serenidade, não sei se ele delirava, mas era algo muito real!  Era como se a morte encapuzada com sua foice aparecesse na frente dele.  O olha de Umba mudou, eu conheço esse olhar! Eu conhecia aquele olhar, era o olhar de apaixonado! Umbabarauma se apaixonou pela dona morte, a partir disto tudo que fiz para atingi-lo era respondido com sorrisos e olhares de amor.
“Eu te amo!! Eu te Amo!!! Cass eu te...(Dei outra bicuda) amo”.
Ai ele já estava sem dente.
Acreditem ou não, seus dentes ao caírem viravam dentes-de-leão.
Então nos abraçamos, era o último abraço.   Chorávamos e como chorávamos...emagrecemos alguns quilos de tanto chorar.
Doia, doeu doeu!!!!! Assumo, doeu! Doeu pra caralho! Tentei esconder até agora...mas doeu! Doeu pra puta que pariu! Doeu pra buceta! Doue pra cu!! Mas sabíamos muito bem que aquilo era o melhor de nós dois...
Umba me fez prometer que seria enterrado ao lado de Cortázar, Fernando Pessoa, Virginia Wolf, Henri Miller ou Machado de Assis...pobrezinho, se superestimava pra caralho. Não cumpri a promessa, o joguei no mar mesmo, foi a única maneira que pensei em dar alguma poesia pra sua despedida e para o fim(?) de seus sonhos intranquilos, ao lado de Iemanjá ou sendo comida de baleia. Em seu barco um verso dele “Quando vento é encarregado de fechar a porta, ele quase sempre deixa porta aberta”. Não sei pq, talvez pela esperança do que está por vir.
Também prometi uma banda, Jorge Ben e Zé Pretinho. O que fiz, foi ligar o mp3 enquanto o barco se distanciava “Umbabarauma homem goooooool”
Cabe a vida muitas roupas, muitas pessoas, metamorfoses, transfigurações...e assim como cabe na alegria a dor...cabe na vida a morte.
São necessárias boas doses de morte pra viver a se superar...ir além!

A família noticiou na imprensa que tem material para mais de 1 bilhão 900 bilhões 835 bilhões de obras póstumas. E, apesar de jurarem que nenhuma dessas obras são de teor erótico, jornalistas que puderam bisbilhotar o material do defunto por alguns instantes, alegaram ver diversas ilustrações de órgãos eróticos nas anotações dos Cadernos de Umba, o que dá a entender que existem textos pornográficos. Verdade ou não, são os mesmos jornalistas que vão noticiar que a morte de Umbabarauma foi de overdose.

Adeus, amigo Umbabarauma e seus sonhos intranquilos no centeio